sexta-feira, 20 de julho de 2012

Poderia ter sido Londres mas foi Quipapá

Sim! Poderia ter levado minha mãe para Londres, não agora que tô lisa, mas daí ela foi comigo para Quipapá. Já ouviu falar nesse lugar? Eu cresci ouvindo minha mãe contar as histórias dela na cidade onde viveu, ela nasceu na verdade em São Benedito do Sul, bem pertinho de Quipapá, mas logo em seguida foi morar lé na famosa cidade dos bailes, travessuras e amores da minha mãe.

Ela ficou tão feliz que nem se tivesse ido a Londres estaria tão radiante. Acho que já estive lá mas ainda era criança e minha mãe fazia muitos anos que não voltava lá. Registrei tudo e se pra mim passava um filme na cabeça, sim, porque ela não se cansa de contar as histórias, imagina pra ela que viveu na pele essa emoção?

Registrei cada momento e por alguns segundos quase choro, emocionada, porque sei como era sofrida a vida dela ali, mas cheia de alegrias também, porque minha mãe nunca resmungou da vida passada, ela fala e depois agradece a Deus pela vida que tem hoje. Uma de suas histórias que nunca esqueço é a do pão, deixa eu falar essa. Como ela tinha muitos irmãos nenhum deles comia um pão inteiro porque não dava para todos, sempre comia metade do pão e ela dizia que tinha muita vontade de comer um pão inteiro, até que um dia ela ganhou "uns trocados", depois de ter ajudado a finada Mocinha a carregar água da cacimba, e foi direto pra venda de Chico Bernardo e pediu: "Me dê um pão INTEIRO com manteiga". Ela conta que comeu com tanta vontade aquele pão... são muitas histórias. 

As fotos contam um pouco da história:

Essa foi na entrada da cidade, como minha mãe estava feliz, as recordações começaram daí.



A linha do trem: ela sempre levava o almoço do meu avô pelos trilhos.


A estação, a bilheteria, as lembranças e o abandono, porque a estação está abandonada, ninguém cuida. O que poderia ser um local histórico para visitas se tornou um lugar feio e sujo.


Dona. Helena apresenta: A cidade que vivi até os 15 anos.


O banheiro. Ela disse que já tomou muito banho nesse banheiro e por isso já apanhou bastante também.


Essa casinha era onde meu avô guardava os materiais de trabalho, ele era da rede ferroviária.


O número 23: A casa onde ela morou, gente que saudade ela sentiu.


A casa da finada Mocinha: Mocinha era rica e depois o pai perdeu tudo, para ganhar dinheiro ela engomava roupa para todos da rua. Minha mãe "arretava" ela porque ela tinha medo de alma, e mainha fazia medo a ela dizendo que via o pai dela. 


A Igreja.


E o famoso Grupo Escolar Esmeraldino Bandeira. Lá minha mãe brigou com as meninas, rasgou vestidos e ficou de castigo do lado de uma fruteira, porque a diretora deixava as crianças de castigo sem lanche e sentindo o cheiro das frutas do lado da diretora. Lá foi a escola da professora Eri, e encontramos com a professora Eri na cidade, que sorte né? Elas ficaram um tempão conversando e relembrando os tempos que não voltam mais.


A professora Eri. Adorei conhecê-la também, uma pessoa maravilhosa, inteligente, poeta e de um coração gigante.


E eu toda posuda na estação.


O que a gente leva da vida são as recordações, os momentos, o carinho das pessoas o amor. É bom sentir saudades, é bom deixar saudades. É bom ter história bacana pra contar. É bom sair por aí e registrar os momentos. Por causa da história da minha mãe, eu tenho uma história para contar, uma experiência para compartilhar. Quero poder fazer isso mais vezes e assim construir minhas histórias para contar para meus filhos, netos, amigos...

Essa música me lembra o interior... não sei porque.
Mas ela também me leva a viver sem sair do meu lugar, porque com os contos da minha mãe, eu vivo um pouco, eu me imagino ali, eu fico desejando ter vivido aquilo...





13 comentários:

  1. Oi Milena,
    Gostamos bastante de ler suas impressões sobre a nossa cidade de Quipapá.
    Estamos em campanha eleitoral e um dos eixos de Cristiano Martins (45) é recuperar e aparelhar esses lugares que vc citou, como a estação de trem e a escola Esmeraldino Bandeira.
    Quem sabe na sua próxima viagem a nossa cidade possa se encantar muito mais.
    Abraços e boa sorte.

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  2. Realmente, Quipapá tem uma história muito bonita. Eu me recordo de alguma coisa de lá, esses lugares que a Milla contou. É... meus antepassados (avós paternos) foram de lá. Minha tia, conhecida como Deca, cujo marido se chamada Crespo, possuía uma fábrica de vinagre e vinho, na Rua Catende. O lugar é muito bonito e aconhegante.

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    1. Nessa lista tem uma pessoas conhecidos apenas por apelido, que há mais de 30 anos procuro saber informação e não consigo. São Lilita e seus filhos Vadinho e Neguinho, o próprio Crespo, que gostava de tomar uma caninha, sua mulher, dona Deca, o velho Zacarias José de Andrade e sua esposa dona Adhelia Mendes Calu, ou Cahu. Ah, onde anda esse pessoal? Elestinham uma fábrica de vinagre e vinho, que naquele tempo era chamada de Enchimento. Eles tinham um Enchimento (fabricação artesanal de cachaça de cabeça, vinho e vinagre). Um dos filhos de Lilita, o Neguinho, sentou praça no Exército, mas depois, perderam-se os contatos. Quem souber alguma coisa (eu tenho todo interesse) informe por este e-mail: ralvesandrade@hotmail.com

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    2. Como é seu nome? Obrigada pela lembrança.

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  3. Olha, Milena, tua história, a história da tua mãe, a cidade de Quipapá, na qual ela viveu a Infância até os 15 anos, ah! tudo isso é maravilhoso! O relato q você faz, simples, como devem ser as pessoas e as coisas da vida, os lugares nos quais sua mãe reviveu a Infância, tudo isso emocina. Não é todo mundo que tem esse privilégio. Voltar a esse ambiente, do passado, seja de abastança ou de dificuldades (como foi o da Infância da tua mãe), é viver um tempo maravilhoso. Só sabe a emoção, quem passa. Você deu pra sua mãe o melhor e maior presente q uma filha pode dar: reviver a Infância, sentir a vida pulsar de novo, fote, na alma, no coração. Ela jamais esquecerá. Talves se tivesseido a Londres nem gostasse tanto.Parabéns, Mile, pra você e pra ela.

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  4. Tudo bem pelas lembranças vividas...
    Porém, não se pode deixar lembrar que a cidade é horrível, com um povo mal educado, porco...
    Ô cidade-vila feia!!
    Como tudo no Nordeste.
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...

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    1. Tem muita gente idiota no mundo mesmo... como você não é?

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  5. Olá Millena!
    Postagem muito legal! Sou do Memória Ferroviária de PE (http://memoriaferroviariadepe.blogspot.com.br/) e visitei a estação ferroviária de Quipapá em Janeiro e realmente é triste ver uma construção tão grandiosa e de tanta história não estar preservada servindo como ponto de interação histórico-cultural para os moradores locais e turistas.
    Aproveito para fazer um observação que a cidade de Quipapá é bastante agradável, sem falar nas paisagens ao entorno da cidade. Agora o prédio da estação poderia estar complementando esse panorama.
    Muito boa postagem!

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  6. Quipapá a melhor cidade do mundo, melhor até mesmo que Londres, é sempre motivo de muito orgulho ver menções sobre nossa cidade na internet, obrigado pela bela história

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  7. Fico feliz em ver essas estórias pessoais que remetem à Quipapá de antigamente. E fico feliz também em dizer que alguns pontos estão com um aspecto melhor do que nas fotos. Espero que vocês possam visitar a cidade outras vezes e constatar isso. Qualquer coisa, pode entrar em contato: iceman_george@hotmail.com

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